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Plenário autoriza abertura do 2º processo de impeachment contra Moisés

Moisés será julgado por um tribunal formado por cinco deputados e cinco desembargadores.

Por Redação Onda Positiva em 20/10/2020 às 22:15:22

Foto: Bruno Collaço / Agência AL

O PlenĂĄrio da Assembleia Legislativa de Santa Catarina autorizou, na sessão desta terça-feira (20), a instauração de um segundo processo de impeachment contra o governador Carlos Moisés da Silva (PSL). A medida estĂĄ prevista no Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 11/2020, aprovado com 36 votos favorĂĄveis, dois contrĂĄrios, uma ausĂȘncia e uma abstenção.

Com a aprovação do PDL, Moisés serĂĄ julgado por um tribunal formado por cinco deputados e cinco desembargadores, presidido pelo presidente do Poder JudiciĂĄrio de Santa Catarina (TJSC). O acatamento deste segundo pedido em nada interfere no primeiro processo, referente ao reajuste salarial dos procuradores do Estado, que estĂĄ em fase mais adiantada, no aguardo pela votação do parecer do relator, o que deve ocorrer nesta sexta-feira (23).

O PDL 11/2020 trata da representação apresentada por 16 pessoas em agosto deste ano, no qual o governador é suspeito de crime de responsabilidade no episódio da compra dos 200 respiradores artificiais que foram pagos, mas não foram entregues; ao prestar informações falsas à CPI dos Respiradores; no processo de contratação do hospital de campanha de ItajaĂ­; e ao não adotar procedimentos administrativos contra os ex-secretĂĄrios Helton Zeferino e Douglas Borba.

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A discussões sobre o PDL começaram às 16 horas, com as manifestações dos advogados que apresentaram o pedido de impeachment e o advogado do governador (leia mais aqui). Em seguida, os deputados apresentaram suas posições sobre o pedido por mais de trĂȘs horas. Às 19h20, teve inĂ­cio a votação, concluĂ­da oito minutos depois.

Eram necessĂĄrios 27 votos para a aprovação do PDL. Moisés precisava de 14 votos para evitar a instauração do segundo processo de impeachment. A Ășnica ausĂȘncia durante a votação foi do deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), por motivos de saĂșde.

Manifestações

Ada de Luca (MDB) afirmou que as falhas cometidas pelo governo na questão dos respiradores impactam no "que é mais precioso, que é a vida". "Cabe a nós cuidarmos da saĂșde do nosso povo catarinense, que é zelar pela fiscalização, pela transparĂȘncia e pelo uso correto do dinheiro pĂșblico."

O relator da denĂșncia na comissão especial, deputado Valdir Cobalchini (MDB), reiterou que o acatamento da representação não implica no julgamento do governador. "Mas hĂĄ indĂ­cios suficientes para o prosseguimento das investigações, para que a verdade seja conhecida por completo. Os indĂ­cios são abundantes", considerou.

Coronel Mocellin (PSL) reconheceu que houve erros na compra dos respiradores, mas afirmou que não hĂĄ provas da participação de Moisés. "É necessĂĄrio que os verdadeiros sejam culpados", disse. "Concordo que hĂĄ falhas no relacionamento polĂ­tico, mas não temos nenhuma prova que ele tenha cometido ato ilĂ­cito."

Jessé Lopes (PSL) leu trechos de reportagens que indicariam que Moisés sabia da compra dos respiradores antes do prazo informado pela defesa. "Era a compra mais importante do governo dele. Era obrigação dele estar envolvido com esse tipo de compra e eu duvido que ele não soubesse", comentou.

Sargento Lima (PSL) afirmou que foi o governador "que se colocou nessa situação". "Não estamos condenando ninguém. Não é nosso papel. Mas é nosso papel não acobertar a mentira, lutar pela verdade."

Kennedy Nunes (PSD) relembrou dos trabalhos da CPI dos Respiradores, que apontou o envolvimento de Moisés no caso. Ele afirmou que votaria pelo arquivamento da denĂșncia caso os R$ 33 milhões dos respiradores fossem recuperados pelo governo.

Ismael dos Santos (PSD) afirmou que Moisés conduz um "governo com narrativa confusa, insegura, hermeticamente fechada, em que esse Parlamento foi preterido vĂĄrias e vĂĄrias vezes."

Ivan Naatz (PL) considerou que Moisés foi omisso ao não orientar seus secretĂĄrios a não fazerem compras com pagamentos antecipados, mesmo após ser orientado pelo presidente do Tribunal de Contas. "Houve omissão clara. O governo ficou em silĂȘncio". O parlamentar também destacou o aspecto polĂ­tico envolvido no processo de impeachment. "O governo não começou. Não teve até hoje governo em Santa Catarina."

Mauricio Eskudlark (PL) fez um retrospecto de vĂĄrios acontecimentos do governo Moisés, os quais considerou equivocados. "Temos um governo que não governa, que não cobra resultados", comentou. "Somos cobrados todos os dias pelos catarinenses e temos que levar adiante esse processo."

Carlos Humberto (PL) comentou sobre a decepção com o governo, o qual classificou como um erro. Para ele, a aceitação da denĂșncia é uma forma de apagar "da história desse glorioso Estado esse erro que foi cometido."

Fabiano da Luz (PT) afirmou que a posição da Bancada do PT é levar a apuração até a Ășltima instância. "Que se tire apenas da questão polĂ­tica e se leve ao tribunal misto, com a participação do JudiciĂĄrio", comentou o parlamentar.

Laércio Schuster (PSB) classificou a operação de compra dos respiradores como "roubo". "Não posso olhar para isso apenas como fato jurĂ­dico. Existe um comandante e ele é responsĂĄvel sim pelas coisas do Estado e pelas ações e atos de seus servidores", considerou.

Bruno Souza (Novo) afirmou não acreditar que Moisés não sabia da compra dos respiradores. Ele criticou o comportamento do governador no caso, o qual classificou como moroso e negligente, ao não punir os responsĂĄveis e demorar para tentar recuperar os R$ 33 milhões. "Ele não deve ter obtido nenhuma vantagem financeira, mas é pela negligĂȘncia, por ter mentido."

Cesar Valduga (PCdoB) disse que a falta de governabilidade tem prejudicado o desenvolvimento de Santa Catarina. "Não podemos ser coniventes com tudo isso que estĂĄ acontecendo, que gerou uma crise polĂ­tica no meio de uma crise de saĂșde. A população catarinense espera esse esclarecimento", acrescentou.

Em tom de desabafo, a lĂ­der do Governo na Alesc, deputada Paulinha (PDT), afirmou estar com vergonha do comportamento da Assembleia nos pedidos de impeachment. "Não apenas por levar isso tão longe, por achar que estamos prestando um desserviço, mas pela pressa, pelo flagrante uso do regimento para o benefĂ­cio daqueles que querem o afastamento do governador", disse a deputada, acrescentando que o Parlamento não tem sido democrĂĄtico, nem respeitado as minorias.

Ela criticou o fato de ter sido negado o pedido de vista ao parecer do segundo pedido de impeachment, jĂĄ que "novos fatos sobre o caso dos respiradores poderiam inocentar o governador". Paulinha acredita que não hĂĄ fundamentos éticos, técnicos e jurĂ­dicos para processar Moisés e reiterou, por vĂĄrias oportunidades, que não hĂĄ provas concretas do envolvimento dele nos casos denunciados.

Fonte: AgĂȘncia Alesc

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