Odonto Top 728X90

Risco de desabastecimento de combustíveis acende alerta em Santa Catarina

Pedidos de fornecimento de combustíveis estão acima da capacidade de produção da Petrobrás

Por Redação Onda Positiva em 20/10/2021 às 18:12:21

Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Secom

A Petrobras informou na terça-feira, 19, que recebeu pedidos de fornecimento de combustível acima da demanda dos últimos meses e da sua capacidade de produção. Por conta disso, entidades mostraram preocupação com o risco de um novo aumento ou falta de distribuição de combustíveis em Santa Catarina.

Conforme o comunicado da empresa, uma "série de cortes unilaterais" nos pedidos para a compra de gasolina e óleo diesel seriam realizados para novembro. Ainda de acordo com a estatal, nos últimos anos, o mercado brasileiro de diesel foi abastecido por sua produção, importações, por terceiros e pela companhia que "garantiram o atendimento integral da demanda doméstica".

Porém, para o mês de novembro está acima da capacidade da estatal. O comunicado destaca que, na comparação com novembro de 2019, a demanda dos distribuidores por diesel aumentou 20% e a por gasolina, 10%, representando mais de 100% do mercado brasileiro.

Risco de desabastecimento

Entre os grupos que alertam para o risco de desabastecimento, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) destaca a possibilidade por conta da função política de PPI (Preço de Paridade de Importação) adotada pela Petrobras, em 2016, que "reduziu a capacidade de produção interna de combustíveis e ampliou a dependência de importações".

A função inclui no cálculo custos de frete de navios, custos internos de transporte e taxas portuárias e uma margem para riscos à operação. Dessa forma, a soma inclui custos de importação. Além disso, o presidente da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), Mario Cezar de Aguiar, afirma que o risco de desabastecimento deve ser avaliado com atenção, principalmente por conta dos efeitos.

"Uma sinalização de falta de combustíveis pode ajudar a realimentar esse processo inflacionário. Outro motivo de preocupação é a possibilidade, apontada por analistas, de que o potencial desabastecimento indicaria que as elevações de preços praticadas pela Petrobras, embora frequentes e relevantes, ainda sejam insuficientes para acompanhar as cotações do mercado internacional", complementa o presidente da Fiesc.

Apesar disso, o vice-presidente do Sindópolis (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de Florianópolis), Joel Fernandes, destaca que a alta demanda em relação ao potencial de produção da Petrobras não é o principal responsável por possível aumento no combustível.

"Primeiro, é importante destacar que houve esse crescimento na demanda porque está muito caro para importar devido ao preço praticado no exterior. Então, quem comprava, por exemplo, 5 mil litros, agora quer 50 mil litros de combustível. Apesar disso, eu não acredito no desabastecimento porque a Petrobras atende as demandas dos postos, mas pode ocorrer falta esporádica em algumas unidades", explica o vice-presidente do sindicato.

Por meio de nota, a Brasilcom (Associação das Distribuidoras de combustíveis) confirma que o preço do mercado externo é o principal fator para o aumento da demanda.

"As reduções promovidas pela Petrobras, em alguns casos chegando a mais de 50% do volume solicitado para compra, colocam o país em situação de potencial desabastecimento, haja vista a impossibilidade de compensar essas reduções de fornecimento por meio de contratos de importação, considerando a diferença atual entre os preços do mercado internacional, que estão em patamares bem superiores aos praticados no Brasil", alega a associação.

Apesar disso, Joel Fernandes descarta a possibilidade do aumento no litro do combustível por conta da falta em alguns postos de combustíveis. "São menos de 20% do mercado que não poderá comprar a demanda e deve aguardar o preço do mercado exterior baixar, mas não é esse o fator que regular o aumento do litro", complementa.

Apesar do cenário escancarado por federações e Petrobras, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) emitiu uma nota descartando, no momento, qualquer possibilidade de desabastecimento de combustíveis no mercado nacional.

"Não há indicação de desabastecimento no mercado nacional de combustíveis, nesse momento. A ANP segue realizando o monitoramento da cadeia de abastecimento e adotará, caso necessário, as providências cabíveis para mitigar desvios e reduzir riscos", afirma em nota.

Aumento no litro do combustível em SC

Por outro lado, o vice-presidente do sindicato afirma que um novo aumento pode ser anunciado por conta do preço do barril de petróleo, batendo US$ 85 (R$ 471) na última sexta-feira, e do preço do dólar comercial que está valendo R$ 5,55.

"Quando houve a alta de R$ 0,20, a Petrobras já estava com prejuízo do dobro desse valor. Agora, a diferença é de quase R$ 0,50. Para evitar um novo aumento, seria necessário que o barril voltasse ao preço de, no máximo, US$ 60 e o dólar próximo de R$ 5,20, mesmo patamar de quatro meses atrás", avalia Joel Fernandes.

A SEF (Secretaria de Estado da Fazenda) afirmou que, em primeiro momento, avaliará a publicação do novo PMPF (Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final) para novembro para emitir um posicionamento sobre a possibilidade de desabastecimento em Santa Catarina.

Estudo para conter alta em SC

Enquanto o aumento segue assustando o catarinense, o governador Carlos Moisés (sem partido) pediu a SEF para produzir um estudo sobre a possibilidade de retirar os combustíveis do sistema de ST (Substituição Tributária).

Atualmente, Santa Catarina tem uma das menores alíquotas do país na gasolina, de 25%. Para o diesel, a alíquota é de 12%. A SEF afirmou que o estudo iniciou na última segunda-feira, 18, e ainda deve levar algumas semanas para apresentar os primeiros resultados.


Fonte: ND+/Agência Brasil

Comunicar erro
Lassberg

Comentários

Pneu A