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Agroindústrias afastaram nove mil trabalhadores por prevenção, mas seguem produzindo normalmente

Exportação de suínos cresceu 56% em março.

Por Rádio Onda Positiva em 07/04/2020 às 13:41:33

Cooperativa Aurora dobrou capacidade de abate em Chapecó para atender aumento das exportações. (Foto: Suelen Santin/MB)

Cerca de 9% da força de trabalho das agroindústrias de Santa Catarina, como idosos, grávidas, em grupos de risco ou com algum sintoma de problema respiratório, foram afastados das agroindústrias para combater a pandemia de coronavírus. Mesmo assim a produção segue normalmente e as exportações de suínos, por exemplo, atingiram US$ 166 milhões, o que representa um crescimento de 56% em relação a março do ano passado.

De acordo com o presidente da Associação Catarinense de Avicultura, José Ribas Júnior, houve uma mudança no mix de produtos, tanto pelo impacto do fechamento dos restaurantes, como pela redução do número de trabalhadores.

- Os abates seguem normalmente, com cortes menos elaborados, mais baratos e que precisam de menos gente para fazer. Diminuímos a produção daqueles itens mais consumidos em restaurantes, de "Food Service", pois agora as pessoas estão fazendo comida em casa – disse Ribas.

Ele afirmou que, no mercado interno a primeira quinzena de março foi excelente, pois houve uma maior demanda, e horrível na segunda quinzena. Mas tendência é de que consumo de frango seja normalizado, segundo Ribas. Ele acredita que as pessoas vão continuar consumindo bastante frango, pois a tendência é de uma recessão e queda da renda no Brasil e no mundo.

- As pessoas precisam continuar comendo, mas devem optar por uma carne mais em conta, que é o frango – disse Ribas.

Ele também acredita numa recuperação das exportações, prevendo um crescimento de 3%, apesar dos números negativos do início do ano. Em março as exportações catarinenses do produto caíram cerca de 30%, em relação a março do ano passado. De acordo com dados do Centro de Socieconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri, foram embarcadas 85 mil toneladas em março, com faturamento de US$ 143 milhões. Isso representa uma redução de 29% em volume e 32% em faturamento, em relação a março de 2019.

Ribas disse que isso pode ter relação com mudanças de metodologia nos cálculos, pois algumas cargas do Paraná que embarcaram em Itajaí no ano passado podem ter sido computadas para Santa Catarina. Mas ele atribui outros fatores para a redução, como renovação de contratos e uma concorrência forte dos Estados Unidos, que jogaram no mercado frango a preços baixos, que não foram consumidos em redes de restaurantes americanos, por causa do coronavírus.

O analista do setor de carnes do Cepa/Epagri, Alexandr Giehl, prevê uma queda no consumo mundial de carnes, mas também prevê que o frango sendo menos afetado.

- Com a pandemia do coronavírus, o cenário mundial das carnes passa por um momento de incertezas. É provável que haja uma redução no consumo global de carnes, tendo em vista os impactos da Covid-19 sobre a economia e levando em consideração que as carnes são sensíveis ao efeito elasticidade-renda (ou seja, quando a renda da população diminui ou aumenta, há impacto direto e imediato sobre o consumo de carnes). Contudo, alguns analistas esperam que a carne de frango, por ser a mais competitiva em termos de preços, seja uma das menos afetada – avaliou.

Ele também prevê uma melhora nas exportações de frango, com a recuperação da China em relação ao coronavírus. China e Hong Kong já respondem por 20% dos embarques de frango de Santa Catarina.

Suínos devem bater novo recorde

No setor de suínos a previsão é de novo recorde no ano se foram mantidos os atuais níveis de exportação. Somente em março foram embarcadas 37 mil toneladas em Santa Catarina, com faturamento de US$ 85 milhões. De acordo com o Cepa/Epagri isso representa um aumento de 14% em volume e 36,7% em faturamento, em relação a março do ano passado.

China e Hong Kong representam 68% desse volume. As exportações para a China cresceram 117%. E só não são maiores, segundo Ribas, pois não foram habilitadas outras três plantas frigoríficas, duas de suínos e uma de frangos, devido à paralisação das inspeções devido ao coronavírus. As plantas que exportam para a China estão trabalhando no limite. O analista do Cepa/Epagri, Alexandre Giehl, prevê continuidade da demanda chinesa.

-Com a gradativa normalização das atividades econômicas na China, após o término do pico da Covid-19 naquele país, a perspectiva é de que a demanda chinesa continue crescendo nos próximos meses.

Tal cenário é de grande relevância para a suinocultura brasileira e catarinense, que tende a sofrer com os efeitos da Covid-19 sobre a demanda de carne, além da alta nos preços do milho (elevando significativamente os custos de produção) – destacou. O custo produção aliás é uma das preocupações da indústrias em relação ao mercado interno.

Segundo o presidente da Acav, José Ribas Júnior, enquanto as indústrias que exportam estão tendo bons resultados com o dólar alto, quem vende frango no mercado interno já está empatando dinheiro. Isso porque o milho já passou dos R$ 50,00 para a indústria e, a soja, passou de R$ 100,00 nos portos, o que encarece o farelo de soja, um dos componentes da ração.

Ele citou que, em outros estados, já tem indústria reduzindo produção. No entanto em Santa Catarina ele falou que os planos de expansão dos grandes frigoríficos continuam. Em março SC respondeu por 51% das exportações de suínos do Brasil e 26% do frango que o Brasil exporta, em faturamento.

Exportações de frango em março

Brasil: 349 mil toneladas com faturamento de US$ 552 milhões

Santa Catarina: 85 mil toneladas, com faturamento de US$ 143 milhões

Exportações de suínos em março

Brasil: 72 mil toneladas e faturamento de US$ 166 milhões

Santa Catarina: 37 mil toneladas e faturamento de US$ 85 milhões.

Fonte: Diário Catarinense

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